A banda mais importante com a qual Jimi Hendrix tocou e que fez o maior impacto foi a The Jimi Hendrix Experience, um trio constituido por Mitch Mitchell na bateria, Noel Redding no baixo e Jimi Hendrix na guitarra e no vocal.
Axis: Bold as Love |
Are You Experienced |
Realmente é um álbum muito bom, com um ótimo e criativo trabalho na bateria de Mitch Mitchell, um baixo que marca a harmonia e em certas músicas o tempo (coisa que a bateria deveria marcar, mas em certos casos, a bateria acaba criando uma melodia prórpia e portanto deixa a obrigação para o baixo. Acontece na maioria das vezes no Jazz, quando a bateria improvisa e sola) tocado por Noel Redding. Mesmo que Noel Redding fosse originalmente guitarrista e muitas pessoas não gostam quando guitarristas tocam baixo como se fosse a mesma coisa que a guitarra, Noel Redding fez um verdadeiro bom trabalho com as linhas de baixo no álbum. Admito que antes de saber que ele era na verdade um guitarrista, eu achava que ele era um baixista mesmo de tão bom que seu trabalho foi. Além dessas obrigações, Noel Redding acabou encarregado de firmar uma base para as músicas, muitas vezes sozinho, já que Mitch Mitchell fazia regularmente viradas e suas linhas de bateria serviam mais para deixar a música mais dinâmica do que para ser firme e ter uma base. Não é um defeito, mas acabou deixando Noel Redding com uma enorme responsabilidade nas costas. Todas as obrigações deixadas a Noel Redding foram realizadas excelentemente pelo mesmo. O trabalho de Mitch Mitchell foi muito bom, pois ele sabia exatamente o que fazer nas músicas. Quando precisava marcar o tempo, marcava, e sempre que podia, ou precisava criar sua própria melodia e fazer sua viradas típicas e impecáveis, as fazia. E o trabalho de Jimi Hendrix, assim como o de todos os outros músicos da banda, foi simplesmente impecável, como esperado, considerando-se o que as pessoa falam sobre ele. Tanto na guitarra quanto no vocal, Jimi Hendrix fez um trabalho muito bom. A maioria das músicas gira em torno de riffs na guitarra, já que as músicas e a banda são de Jimi Hendrix, mas ele dá bastante espaço para o resto da banda, principamente Mitch Mitchell, que se tornou um grande amigo dele. As músicas são muito boas, bem trabalhadas e as melodias foram muito bem exploradas, transmitindo o clima que Jimi Hendrix provavelmente queria que as pessoas sentissem ao ouvir a música. Começando com a simulação de microfonia de "Foxy Lady" e acabando com o poderoso riff de "Highway Chile", Are You Experienced é um ótimo álbum que merece ser comprado e provavelmente o mais famoso de Jimi Hendrix.
A segunda gravação da banda foi Axis: Bold as Love. Um disco com mais influências da música pop da época, tem músicas significantemente mais curtas que normalmente, tendo poucas músicas que passam de três minutos, duas que passam de quatro minutos e apenas uma que passa de cinco minutos de duração. Com melodias mais simples e menos exploradas, o álbum poderia ter músicas um pouco mais longas e poderiam ter sido melhor aproveitadas, pois observa-se que algumas melodias tem potencial para músicas longas e mais complexas, mas optaram por músicas mais simples e curtas. As músicas são curtas provavelmente porque o Jimi Hendrix Experience tinha um contrato no qual constava que deveriam ser gravados dois álbuns em 1967, que foram o Are You Experienced e Axis: Bold as Love, o que limitou o tempo de composição e gravação da banda, além de criar pressão.
Electric Ladyland |
Com algumas músicas clássicas, como "If 6 was 9", "Spanish Castle Magic", "Castles Made of Sand", "Little Wing" e "Bold as Love", é meu álbum preferido do The Jimi Hendrix Experience. Por vários efeitos de esúdio terem sido usados, poucas músicas tinham condições de serem tocadas ao vivo, com excessão de "Spanish Castle Magic" e "Little Wing", que eram tocadas em quase todas as apresentações do grupo.
E, como sempre, o trabalho de Jimi Hendrix, tanto no vocal, quanto na guitarra e na composição foi excelente. As músicas são bastante tranquilas, relaxantes e com melodías e climas inesperados.
E então chegamos ao último álbum de estúdio lançado pelo The Jimi Hendrix Experience. "Electric Ladyland" é um ótimo álbum, com poucas músicas realmente famosas, com a incrível versão da banda da antes pouco conhecida música de Bob Dylan "All Along the Watchtower" e com o incrível Blues de "Voodoo Chile". Segundo o livro "1001 Discos para ouvir antes de morrer", apenas a "Voodoo Chile" de 15 minutos, a mais dinâmica "Voodoo Child (Slight Return)" e a "All Along the Watchtower" já tornam o disco clássico. Eu tenho que discordar. Muitas outras músicas tornam o disco clássico. Músicas como "The Burning of the Midnight Lamp", "1983 (A Mermand I should turn to be)", "Moon, Turn The Tides... Gently,Gently, Away" entre outras.
Infelizmente, por brigas com Jimi Hendrix por não estar tocando seu instrumento original (guitarra), Noel Redding participou relativamente pouco da gravação do álbum, tendo gravado apenas cinco músicas do álbum. As outras músicas foi Jimi Hendrix quem gravou o baixo, com excessão de "Voodoo Chile".
A capa do álbum foi algo muito controverso, pois Jimi Hendrix mandou uma carta descrevendo e até pintando o que queria na capa, porém a carta foi ignorada e foi usada uma foto vermelha e amarela de seu rosto. Na versão inglesa, nas primeiras edições, apesar de contra a vontade de Jimi Hendrix, foi usada uma foto de uma sala com 19 mulheres nuas (sem comentários, Léo!), que depois foi usada como foto da parte de dentro da capa, já que era um LP duplo. A família Hendrix depois proibiu o uso da foto como capa por ser contra a vontade de Jimi.
Mitch Mitchell fez um ótimo trabalho na bateria, como sempre. Jimi Hendrix, como previsto, fez sua "magia" na guitarra uma vez mais para que nós, meros mortais, possamos aproveitar seu talento, que na época já estava a apenas dois anos da morte. E na composição, Jimi Hendrix fez um de seus melhores trabalhos em certas músicas, como "Voodoo Chile" e "1983 (A Merman I should turn to be)", músicas simplesmente geniais. Apesar da grande confusão que houve com as gravações do baixo, por causa de brigas, quem quer que tenha tocado baixo nas músicas fez um trabalho muito bom. Nesse álbum, o baixista teve mais espaço para criar suas prórpias melodías no baixo, um pouco mais aliviado das obrigações anteriormente impostas ao baixo. O peso do baixo para a melodia, o tempo e a base da música não são mais tão grandes, por causa da ajuda que dessa vez Mitch Mitchell proporcionou ao baixista fazendo linhas mais estáveis de bateria, sem largar mão de suas incríveis viradas. Para terminar seu incrível trabalho em estúdio, a última música (que na verdade são duas, mas interligadas), "1983" e "Moon, turn the Tides...", é em minha opinião uma das melhores de Jimi Hendrix e de todos os tempos. Ela começa bem simples, com alguns riffs calmos de Jimi Hendrix, enquanto o mesmo conta uma história de um mundo no qual ocorre uma guerra nuclear e portanto, cidades foram destruídas e poucos sobreviveram. Conta sobre um casal, na perspectiva do homem, que caminha nesse mundo destruído. Eles caminham e tentam aproveitar ao máximo o tempo que tem, pois sabem que tudo pode acabar a qualquer momento. Então, depois de contar os detalhes, quando a música entra em "Moon...", continua com um pequeno solo de bateria e então vai continuando lentamente. Então com alguns curtos riffs de guitarra que vão evoluindo muito lentamente até que chegam a uma melodía bastante agradável, mas que também permanece apenas por um curto tempo. Então o baixo entra quase sozinho e toca um solo próprio, apenas acompanhado da bateria. Depois do solo do baixo volta a banda inteira com uma melodia impactante e rápida, também passageira. Então, depois de uma longa virada de bateria, volta o vocal de Jimi Hendrix narrando a história. E depois, com uma entrada triunfante, volta o riff inicial. Então um solo de guitarra e depois, quase silêncio, com alguns efeitos sonoros e às vezes algumas viradas na bateria. E acaba com um som de algum ser voador indo perto e indo embora.
Na minha opinião, essa "despedida", como chamo por ser a última música do último álbum, do Jimi Hendrix Experience é uma das melhores e mais emocionantes despedidas de todos os tempos. Com uma viagem dessas. Minha sugestão ao ouvir a música é fechar os olhos e deixar a banda te "guiar pela imaginação", como disse a uma amiga. Você vai se surpreender com o que a música pode fazer com você.